16 julho 2014







Há na intimidade um limiar sagrado,

encantamento e paixão não o podem transpor -

mesmo que no silêncio assustador

se fundam os lábios e o coração se rasgue de amor.

Onde a amizade nada pode

nem os anos da felicidade mais sublime e ardente,

onde a alma é livre, e se torna estranha

à vagarosa volúpia e seu langor lento.

Quem corre para o limiar é louco,

e quem o alcançar é ferido de aflição.

Agora compreendes porque já não bate,

sob a tua mão em concha, o meu coração.







Anna Akhmátova 






2 comentários:

  1. Já tinha saudades de um poema por dia :))

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  2. É muito tocante a exaltação do limiar sagrado da intimidade e neste poema está muito bem conseguida.

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