Como se ainda pudesses escrever poemas
I
Pelo
fim da noite sonhei contigo
como
se ainda pudesses escrever poemas.
O
mesmo jeito do corpo,
o
mesmo jeito do cabelo,
talvez
um pouco mais baixo - talvez
eu
um pouco mais agigantada na distância.
Foi
preciso navegar um mar de gente
para
desembarcar em ti, um mar que me
arrastava
da costa quando o meu pé quase
tocava
a terra que eras tu.
Então
tu viste-me e sorriste com
o
mesmo jeito no sorriso.
E
falaste com
o
mesmo jeito na voz.
Não
houve mais mar que me empurrasse
para
longe do descanso do teu abraço.
II
Pelo
fim da noite sonhei contigo
como
se ainda pudesses escrever poemas.
Contaste-me
um pequeno segredo que tinha
ficado
por dizer, e eu chorei
com
os meus braços agigantados na ausência
enrolados
em ti, como algas do fundo do mar,
como
que a puxarem-te para as profundezas
dos
meus abismos.
E
tu sorrias e falavas baixinho,
como
quem acalma uma criança a quem aconteceu
um
sonho mau.
III
Pelo
fim da noite sonhei contigo
como
se ainda pudesses escrever poemas.
Ainda
não acordei.
Carla Pinto
Coelho
[ inqualificavelmente subtraído de aqui ]
A Carla está de parabéns. Já lho tinha dito.
ResponderEliminarUm poema lindíssimo!
Mais uma confirmação de que nos sonhos tudo é possível. Desde que saibamos sonhar, claro;)
Ver os meus poemas publicados no teu blogue é um orgulho, como se o que escrevo fosse poeticamente relevante. (:
ResponderEliminarclaro que é. (e mesmo não sendo o caso, olha que toda a falsa modéstia será castigada... ;) )
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