01 junho 2014









são as mulheres que
fazem chorar as cebolas
como se descascassem a própria vida
e, arredondando-se então, descobrissem
um corpo, o seu
uma vida, a sua
e, no entanto, nada que de verdade
pudessem seu chamar
ou talvez sim, mas só
aquela gota de água salpicando
um canto do avental onde
desponta uma flor de pano colorida que
ainda ontem ali não ardia










Bénédicte Houart










1 comentário:

  1. Imediatamente este poema lindíssimo fez-me lembrar o "Descascando a Cebola", do Gabriel Garcia Marquez. O descascar da vida, as várias camadas...Uma mensagem muito semelhante.
    Isabel Pires

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