03 junho 2014







fábula  das  palavras  inventadas






não sei quando me pus a inventar palavras para tentar dizer que te amava
juntava letras sem sentido por saber que as que conhecíamos não serviam
nunca o nosso amor poderia navegar nos oceanos deste alfabeto imperfeito
quando te falava num navio fantasma escrevia rktfuwsjç mas tu não percebias
e nem valia sequer a pena escrever cais maré barco rio âncora vela água espuma 
porque o que eu queria mesmo era dizer-te apenas num sussurro que há um eco
e que por vezes egyvcxuatw iq dhsgapçkd dfsugltd bjezrfd gorhtw itysazkugwrep


(se ao menos pudesses ter ouvido o rumor do mar que não pude segredar-te)









8 comentários:

  1. Uma lição de amor.
    Seria tão bom que, por uma razão ou outra, não tivéssemos que usar esse parêntesis.
    Outra bonita fábula, José Luís!

    ResponderEliminar
  2. Anónimo3/6/14 00:23

    Encantador. Por acaso já lhe disse que adoro as suas fábulas? :))))

    ResponderEliminar
  3. Às vezes as correntes são diferentes e dificultam a navegação...
    Bonito :))

    ResponderEliminar
  4. Linda fábula jl!!!!!!!!!

    ResponderEliminar
  5. FABULOSO!!!!! Como compreendo essa curteza das palavras conhecidas! :-)
    Um abraço, josé luís, adorei.

    ResponderEliminar

cartografe aqui: