à
consideração do género masculino
não me espartilhes em comemorações
vazias
pequenas cedências da tua masculinidade
intocável
um par de calças condescendido por
saberes que todos
os outros nos armários serão
inequivocamente teus
não me chames «mulher» como se fosse um
insulto,
sintoma de doença nervosa, quando pensas
em segredo
que «as mulheres permaneçam caladas»
onde quer que
seja o seu mundo – novo ou antigo,
doméstico ou laboral
não me endeuses, não me pendures nas
paredes,
nem me assentes em pedestais –
sossegada, quieta,
inofensiva, agradável à vista dos teus
amigos que fumam
charutos e bebem uísques com sabor a
misoginia
não me dês flores nem atenções vazias em
dias
marcados no calendário, como se fossem
pílulas
douradas da prescrição masculina contra
a histeria,
suplemento vitamínico do sexo fraco
dá-me anos inteiros para ser a mulher
que sou eu,
as mesmas oportunidades, as mesmas
lutas,
a mesma retribuição pelo meu trabalho,
o meu direito à diferença, num
mundo cada vez mais igual
Carla Pinto Coelho
[ lê-se francamente melhor aqui ]
Parabéns à Carla pelo seu cais.
ResponderEliminarEste poema, que sabe tão bem ler, não podia ser melhor roub@do para fazer pendant com as cartas de marear.
E, de vez em quando, convém lembrar ao género masculino estas considerações, sobretudo a última quadra. Prometo também estar atenta aos desejos ou reclamações da ala do José Luís;) Temos que ser uns para os outros;)
Fica aqui tão bonito! ((:
ResponderEliminar;)
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