soneto do
amor e da morte
quando eu
morrer murmura esta canção
que escrevo
para ti. quando eu morrer
fica junto
de mim, não queiras ver
as aves
pardas do anoitecer
a revoar na
minha solidão.
quando eu
morrer segura a minha mão,
põe os olhos
nos meus se puder ser,
se inda
neles a luz esmorecer,
e diz do
nosso amor como se não
tivesse de
acabar, sempre a doer,
sempre a
doer de tanta perfeição
que ao
deixar de bater-me o coração
fique por
nós o teu inda a bater,
quando eu
morrer segura a minha mão.
Vasco Graça
Moura
Este apaziguamento deveria estar presente na relação que estabelecemos com a morte, com a nossa e a dos outros. Ainda ontem alguém me falava do bem-estar que sentiu por conseguir acompanhar os últimos momentos de duas pessoas que amava. Quando a nossa tendência parece ser a de evitar o confronto com a dor de partir, ouvir essas experiências e ler este poema do VGM, pode fazer-nos reconfigurar uma série de coisas sobre o sentido que queremos para a nossa vida. Prefiro aqui acrescentar também a morte enquanto metáfora. É igualmente importante aprender a lidar com ela.
ResponderEliminarÉ um dos poemas mais bonitos do VGM.
Isabel Pires
Gostava de poder ser assim tão linear e de conseguir aceitar as "partidas" :))
ResponderEliminarÉ lindo este poema!
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