a verdadeira história das shelfies

o realizador john waters tem uma frase brilhante: “if you go home with somebody, and they don’t have books, don’t fuck them!”. gostaria que acreditassem que a disseminação de livros cá em casa não se destina a promover qualquer tipo de promiscuidade lasciva e independente da assoalhada pontual... mas confesso não saber explicar por que razão os livros não estão todos juntos. a verdade é que há estantes com livros em quase todas as divisões e nos corredores também. e pensei nelas a auto-retratarem-se. tentei ainda que esse facto ajudasse de alguma forma a organizar este pequeno acervo – sem sucesso algum. fui percebendo que os livros têm um percurso próprio: podia jurar que os borges estavam todos ali e aparece-me uma edição do “ficciones” no meio dos steinbeck. como? quando? não sei. um amigo meu, arquétipo da ironia com piada, diz que gosta de ver os meus livros assim espalhados, porque se nota menos que muitos estão ainda por colorir... mas a meu favor tenho (perdoa-me o’neill) um facto: esta última fotografia mostra uma estante do meu quarto, que serve de mesa de cabeceira – e onde apenas há poesia. gosto de pensar que se a cama pudesse ser uma extensão daquelas prateleiras, talvez nos sonhos se inscrevessem poemas. 
(e agora, com vossa licença, vou buscar os lápis de cor).