25 abril 2014








a primeira canção dita “de intervenção” que chamou a minha atenção [ouvida um pouco às escondidas antes de há quarenta anos em casa de um colega do liceu que, como sempre, tinha um irmão mais velho que tinha arranjado o "margem de certa maneira" já não sei onde…] foi esta - e é esta que associo imediatamente à minha banda sonora do vinte e cinco de abril. não é a vagarosa "grândola" nem a infatigável "gaivota"…
e depois há um verso ("só tem medo desses muros quem tem muros no pensar") que temo se tenha tornado profético.



eh! companheiro aqui estou, aqui estou pra te falar
estas paredes me tolhem os passos que quero dar
uma é feita de granito não se pode rebentar
outra de vidro rachado p'ras duas pernas cortar

eh! companheiro resposta, resposta te quero dar
só tem medo desses muros quem tem muros no pensar
todos sabemos do pássaro cá dentro a qu'rer voar
se o pensamento for livre todos vamos libertar

eh! companheiro eu falo, eu falo do coração
já me acostumei à cor desta negra solidão
já o preto que vai bem já o branco ainda não
não sei quando vem o vento pra me levar de avião

eh! companheiro respondo, respondo do coração
ser sozinho não é sina nem de rato de porão
faz também soprar o vento não esperes o tufão
põe sementes do teu peito nos bolsos do teu irmão

eh! companheiro vou falar, vou falar do meu parecer
vira o vento muda a sorte toda a vida ouvi dizer
soprou muita ventania não vi a sorte crescer
meu destino e sempre o mesmo desde moço até morrer

eh! companheiro aqui estou, aqui estou p'ra responder
sorte assim não cresce a toa como urtiga por colher
cresce nas vinhas do povo leva tempo a amadur'cer
quando mudar seu destino está ao alcance de um viver

eh! companheiro aqui estou, aqui estou pra te falar
de toda a parte me chamam não sei p'ra onde me virar
uns que trazem fechadura com portas para espreitar
outros que em nome da paz não me deixam nem olhar

eh! companheiro resposta, resposta te quero dar
portas assim foram feitas p'ra se abrir de par em par
não confundas duas coisas cada paz em seu lugar
pela paz que nos recusam muito temos de lutar.









4 comentários:

  1. A prisão é tantas vezes voluntária... encarceramo-nos no nosso átomo oco sem horizonte e embrutecemos e vegetamos e governamos o mundo do alto do vazio entre quatro paredes de teimosia e arrogância.

    Beijo JL:

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  2. Do 25 de Abril e da revolução sei o que li nos livros, o que aprendi nas aulas de história e o que os meus pais me contaram. Viveram essa época longe de Portugal, deram o "salto" para poderem ter comida na mesa. :)

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    1. como muitos outros… e cada um tem "o seu" vinte e cinco de abril ;)

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