Ágata
Foi amor à
primeira vista.
Ela tinha
nome de pedra preciosa
e, na
literalidade dos meus cinco anos,
cabelo em
forma de pássaro – negro
asa de
corvo.
Era o tempo
em que ainda
aprendia com o corpo todo:
uma
fractura exposta para entender
o
significado de maioria, uma pneumonia
para
descobrir a solidão.
Quando ela
me cravou um lápis
sob o olho
esquerdo, pressenti que a escrita,
grafite
fria à flor do sangue.
Deixaria marcas
para sempre.
Nunca mais
nos separámos.
Eu e as
palavras,
a Ágata
mudou de escola.
Inês Dias
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