27 março 2014








Ágata







Foi amor à primeira vista.
Ela tinha nome de pedra preciosa
e, na literalidade dos meus cinco anos,
cabelo em forma de pássaro – negro
asa de corvo.

Era o tempo em que ainda
aprendia  com o corpo todo:
uma fractura exposta para entender
o significado de maioria, uma pneumonia
para descobrir a solidão.
Quando ela me cravou um lápis
sob o olho esquerdo, pressenti que a escrita,
grafite fria à flor do sangue.
Deixaria marcas para sempre.

Nunca mais nos separámos.
Eu e as palavras,
a Ágata mudou de escola.











Inês Dias











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