uma erotofábula
se eu fosse louco não era um tonto parvo, que fico
imóvel perante uma adversidade. se eu fosse louco esquecia que há gente e
sociedade e convenções e essas tretas todas e saía já deste emprego estúpido e
ia ter contigo. e não me importava nada com quem visse ou estivesse ou
comentasse. punha-me a caminho e quando aí chegasse olhava-te, sorria, pousava
uma mão em cada uma das tuas faces e beijava-te e beijava-te e beijava-te e o
tempo parava e deixava de contar. e sendo louco queria estar despido de tudo o que
queria deixar para trás quando te fosse beijar, chegar a ti como um animal,
irracional mas puro. se não fosse apenas tonto tirava mesmo a roupa, o casaco
logo à entrada, a camisa a subir as escadas, virava à esquerda, desapertava o
cinto, livrava-me das calças, virava à direita, tirava o resto e quando chegasse
a ti para te beijar estava nu. depois não existia mais nada, apenas nós os
dois, e eu só queria saber do teu sabor, da tua boca molhada, desses lábios que
queria mordiscar, da tua língua na minha, das palavras que não precisávamos de
dizer e desses nossos beijos de mo ra dos em que sabíamos haver um todo maior que as
partes, que num beijo assim se salva o mundo, que entre duas bocas há um abismo
mas também um evereste e que não éramos loucos, loucos seríamos se não o
fizéssemos.
Haja loucura bastante para se ser feliz, erotica ou poeticamente falando. :)
ResponderEliminar;)
EliminarUau.
ResponderEliminarSeja louco, Luís! ;)
Luísa
não desperdices nem vontades, nem loucuras. são tão poucas nesta vida em que as semanas se sucedem num abrir e fechar de olhos...
ResponderEliminar(vou-te roubar)
estás gago?
ResponderEliminar;)
Eliminarestás..
Eliminar;)
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