Isto não é um poema
O mar Mediterrâneo nunca foi o nosso
mar.
Mediterrânicos de tez ou de tom,
nunca deixamos de ter na pele
este ar ácido do Atlântico,
que sempre nos leva para longe de nós
próprios
e dos nossos próprios mares.
Tenho pensado nisso desde que vim de
Marselha
e das suas ruas cruzadas de povos
vindos de todo este antigo lago
mediterrânico,
que tornamos em cemitério quando foi
mare nostrum
e teatro de batalhas em Lepanto,
antes deste hipócrita deixar morrer
ao largo de Lampedusa.
Isto não é um poema? Pois não.
Talvez seja o cachimbo de Magritte
embrulhado num jornal de hoje.
Luís Filipe Castro Mendes
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