06 fevereiro 2014









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Se soubesses (que nunca soubeste) como te amei. Ou não era amor, era paixão. Apaixonada por ti, passava dias a pensar se vier, se não vier. E uma palavra tua: mais que um sol inteiro.
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Ao meu lado, hoje, olhava a tua nuca. A minha mão à distância possível, mas à distância toda da impossibilidade, do que não posso, não devo, não ouso. Mas quero.
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Por que te permiti que entrasses, porquê um telefonema, porquê continuar em folhas (tantas) uma amizade que eu só queria amizade, mesmo querendo amor? Desejava tanto só amizade. Ser capaz de te amar só assim. Sem este tremer de vela que eu não sei apagar. Não sei. Não sou capaz. E nunca to direi, nunca a coragem de uma confissão.
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Queria beijar-te. Como não deve ser, mas como deve ser. Sabes como me sinto quando falas assim, em displicência e riso, de coisas tão de corpo?
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Ana Luísa Amaral

(excertos de Coisas de rasgar, em “Ara”)










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