31 janeiro 2014








d e s c u b r a
a s
s e t e
d i f e r e n ç a s :








em “my city was gone” chrissie hynde escreve sobre a sua terra natal, akron, no ohio - a pensar na morte das cidades enquanto memória de infância. em todos nós há uma cidade assim, que desapareceu em nome do progresso.
muitos anos depois os seus pretenders ainda a tocam ao vivo, e transcendem-se enquanto banda rock. lou reed disse uma vez "you can't beat two guitars, bass & drums". é tão verdade.
descobre as diferenças entre a canção




a) na graça do estúdio




e




b) em estado de graça



I went back to Ohio but my city was gone
There was no train station; there was no downtown
South Howard had disappeared; all my favorite places
My city had been pulled down – reduced to parking spaces
Way to go, Ohio

I went back to Ohio but my family was gone
I stood on the back porch, there was nobody home
I was stunned and amazed, my childhood memories
slowly swirled past like the wind through the trees
Way to go, Ohio

I went back to Ohio but my pretty countryside
had been paved down the middle by a government that had no pride
The farms of Ohio had been replaced by shopping malls
And muzak filled the air from Seneca to Cuyahoga Falls
Way to go, Ohio





















[avenida da liberdade]










30 janeiro 2014




Palavra





No meio do álbum
queria deixar uma palavra
uma palavra apenas
escrita, definitiva, sobre a pele do livro.
No entanto, entre carícias,
a palavra ficou esquecida,
a página em branco
no álbum que, sem acabar,
nem meio terá para encontrar.





Luís Filipe Cristóvão

















[teatro da trindade]









29 janeiro 2014







Poema sobre a recusa






Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.





Maria Teresa Horta














se há covers que são melhores que os originais, esta é uma delas.
bill callahan, em estado de graça, recria a canção de kath bloom
e esta torna-se numa outra coisa, maior que os sons que aqui estão.



I'd like to touch you, but I've forgotten how
And said I didn't need you, but look at me now
Sometime in the summer when we're lying in the breeze
The breeze will kill me

I tried to follow the path that you're on
Something in me is stubborn, I keep going wrong
If you can forgive me now, we'll meet up in another land
When the breeze has killed me

Sometime in the summer when we're lying in the grass
And the breeze, the breeze

Well my baby cries when he's tired
My puppy howls with the moon
You can never be sure of the people that you know
They don't want to show you their sadness

Yesterday I talked with my father
He said that we could never win
It's so hard to tell where I end and my father begins

So if you see me passing by
Please hold me deep in your heart
And just remember I want to help you, I don't want to hurt you
Just remember I want to help you, I don't want to hurt you
So don't tear it apart

Well my baby cries when he's tired
My puppy howls with the moon










28 janeiro 2014







"É que a um homem mais velho, uma barba dá, não sei… credibilidade!
Tu escreves poemas – não sei como é que não tens uma barba."






Diogo Almeida















fábula  do  navio  fantasma   (*)







libertar-me da âncora consciente que me segura a mim
partir hoje mesmo, errante e imóvel no meu sonho inerte
correr os sete mares como quem se desvenda com o olhar
desfraldar cada vela enquanto aos poucos me percorresse


defrontar a bruma que enfrento na minha própria névoa
abandonar-me ao sabor das vagas que vogam cá dentro
gritar de medo na tempestade do vago receio de me temer
afundar-me comigo na memória e vir de novo à tona em mim


não me sentir este navio apodrecido, preso ao cais que vou sendo













(*) dedicada a cento e trinta e sete dos irmãos pessoa, que aqui não nomeio por manifesta exiguidade deste mural












[ santa maria manuela ]











27 janeiro 2014







New Poem




So far, so good










Roger McGough
















dois dias de azuis: esta segunda-feira e o próximo sábado, 
com o aguardado concerto de big james e os chicago playboys. 
espero que toquem esta cover do grande b. b. king.




I woke up this morning
After another one of those crazy dreams
Oh, nothing is going right this morning
The whole world is wrong it seems
Oh, I guess it's the chains that bind me
I can't shake it loose, these chains and things

Got to work this morning
Seems like everything is lost
I got a cold hearted wrong doin' woman
And a slave driving ball
I can't lose these chains that bind me
Can't shake them loose, these chains and things
Just can't lose these chains and things

Oh, you talk about hard luck and trouble
Seems to be my middle name
All the odds are against me
Yes, I can only play a losin' game
These chains that bind me
Can't lose these chains and things
Just can't lose these chains and things

Oh, I would pack up and leave today people
But I ain't got nowhere to go
Ain't got no money to buy a ticket
And I don't feel like walkin' anymore
These chains that bind me
Oh, I can't lose, I can't lose these chains and things









26 janeiro 2014













[ alcainça ]


















febre de sábado à noite: recordar os dr. feelgood, um grande grupo de rock&roll dos anos setenta, que tive a felicidade de ver tocar ao vivo. sinto saudades da voz e harmónica de lee brilleaux, que já não está entre nós, e sobretudo daquela maneira peculiar de tocar guitarra de wilko johnson, um dos meus heróis (ver post seguinte). i wanna live the way i like - um leitmotiv a seguir. mais um exemplo.



I wanna live the way I like
Sleep all the morning
Goin' get my fun at night
Things ain't like that here
Workin' just to keep my payments clear
I bought a brand new motor

And I'm waitin' for a loan
So I can fill her up and start her
Then I'm going back home

I got a girl a man's best friend
I'd have her now if she'd just come back again
But she left me in the fog
Told me that I treat her like a dog
The last time that I saw her she was buryin' a bone
I'm tired of whistlin' for her

Then I'm going back home

Old johnny green he asked me in
We watched his tv and we drank a little gin
Then I float on down the street
Smilin' at the faces that I meet
That was back this morning
Now I'm dizzy sick and stoned
When the world stops turning
Then I'm going back home
















d e s c u b r a
a s
s e t e
d i f e r e n ç a s :






comovo-me sempre com exemplos reais de coragem,
momentos em que ficamos a saber que ainda vale a pena resistir 
- e que existir pode marcar uma diferença. 
é que há heróis entre nós, de uma bravura maior que todos os medos. 
descobre as sete diferenças entre o heroísmo de





a) lizzie




e



b) wilko








25 janeiro 2014








Que fizeste das palavras?
Que contas darás tu
dessas vogais
de um azul tão
apaziguado?


E das consoantes, que
lhes dirás,
ardendo entre o fulgor
das laranjas e o sol dos
cavalos?


Que lhes dirás, quando
te perguntarem pelas
minúsculas
sementes que te
confiaram?








Eugénio de Andrade





















two birds sold for a kiss
colette calascione


















Os significados







Não sei como tudo começou: suponho
que havia uma figura que depois
se estilhaçou para formar um puzzle.
Mas se juntarem todas as peças
talvez não haja nenhuma figura, e então
de que origem intacta partiu tudo
o que depois se quebrou? É impossível
fazer estilhaços de estilhaços sem uma
coerência primeira, agora ausente.
Quando todas as peças se juntam
estaremos reduzidos ainda a uma peça
de uma figura maior, ou essa figura
é uma utopia pragmática, instrumental,
que permite algum sentido?
Ó significados, para vós, na infância,
tinha um caderno.










Pedro Mexia