fábula do país previsível
sabes, em aljubarrota a padeira faltou no dia da
batalha
o aroma do pinhal de dom dinis não cheirava a
pinheiro
ninguém dobrou o bojador porque podia não ser
indolor
o zarolho nem nadar sabia, quanto mais salvar o que
escrevia
a janela do defenestrado vasconcelos permaneceu
fechada
já o adamastor tinha um letreiro a dizer que estava
aberto
e qualquer pessoa passava por ele e percebia-lhe o
equívoco
um pessoa tem logo que ser muitos para tentar ser
inequívoco
no dia da república a praça estava cheia de
monárquicos felizes
e em abril o largo do carmo repleto de republicanos
de março
no poema previsível a rima obriga-me a escrever o
que disfarço
mas no país previsível o imprevisto simplesmente não
é possível
[ em resposta a um desafio da menina da loja dos doces ]
A menina dos doces, quem quer que seja, está cheia de sorte, às rimas e tudo :)
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