Conserto
a palavra com todos os sentidos em silêncio
Restauro-a
Dou-lhe
um som para que ela fale por dentro
Ilumino-a
Ela
é um candeeiro sobre a minha mesa
Reunida
numa forma comparada à lâmpada
A um
zumbido calado momentaneamente em enxame
Ela
não se come como as palavras inteiras
Mas
devora-se a si mesma e restauro-a
A
partir do vómito
Volto
devagar a colocá-la na fome
Perco-a
e recupero-a como o tempo da tristeza
Como
um homem nadando para trás
E
sou uma energia para ela
E
ilumino-a
Daniel Faria
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