A varanda de Julieta
Em Verona
a casa da Julieta
é pequena, escura,
insignificante.
O edifício está
enegrecido
só a varanda de
pedra foi limpa:
destaca-se como um
grito branco
numa boca escura.
Tudo é um pouco de
menos
nesta fachada
demasiado obscura
agora brutalmente
iluminada
pela luz
fluorescente
duma loja de
design
colocada mesmo em
frente
no mesmo pátio
no mesmo átrio
mítico.
Fui procurar
a memória da
história
e encontrei a
tecnologia
gritando
contra o
endurecido mito
do sentimento
petrificado no
tempo.
Tinha esquecido
que o amor
é coisa mental
e que na
superfície do real
é como um grito
branco
numa boca escura.
Ana Hatherly
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