Formoso Tejo meu, quão diferente
Te vejo e vi, me vês agora e
viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mim
triste,
Claro te vi eu já, tu a mim
contente.
A ti foi-te trocando a grossa
enchente
A quem teu largo campo não
resiste;
A mim trocou-me a vista em que
consiste
O meu viver contente ou
descontente.
Já que somos no mal
participantes,
Sejamo-lo no bem. Oh! Quem me
dera
Que fôramos em tudo semelhantes!
Mas lá virá a fresca Primavera:
Tu tornarás a ser quem eras de antes,
Eu já não sei se serei quem de antes era.
Francisco Rodrigues Lobo
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