Se
Se é possível
conservar a juventude
Respirando
abraçado a um marco de correio;
Se a dentadura
postiça se voltou contra a pobre senhora e a mordeu
Deixando-a em
estado grave;
Se ao descer do
avião a Duquesa do Quente
Pôs marfim a
sorrir;
Se o Baú-Cheio tem
acções nas minas de esterco;
Se na América um
jovem de cem anos
Veio de longe ver
o Presidente
A cavalo na mãe;
Se um bode recebe
o próprio peso em aspirina
E a oferece aos
hospitais do seu país;
Se o engenheiro
sempre não era engenheiro
E a rapariga ficou
com uma engenhoca nos braços;
Se reentrante, protuberante,
perturbante,
Lola domina ainda
os portugueses;
Se o Jorge (o
"ponto" do Jorge!) tentou beber naquela noite
O presunto de
Chaves por uma palhinha
E o Eduardo não
lhe ficou atrás
Ao saír com a
lagosta pela trela;
Se "ninguém
me ama porque tenho mau hálito
E reviro os olhos
como uma parva";
Se Mimi
Travessuras já não vem a Lisboa
Cantar com o
Alberto...
...Acaso o nosso
destino, tac!, vai mudar?
Alexandre
O'Neill
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