09 julho 2013









Então olhei pro mar e disse:
tua umidade não me impressiona
as cavidades do meu corpo
contigo dividem
a salina memória do futuro.
A começar pelo coração
granito da tua sístole-diástole
o recorte verde onde acaba a praia
e recomeça o teu dia a dia.
Sou incapaz de assustar o caminho de alguém
mas tão facilmente
vou ferir a fera que vive em ti.
Posso fazê-lo em sonoridade.
Mergulhar
dentro do meu tórax
vivem canivetes que te assaltam
quando respiro
o amor que não me dás.








Júlia de Carvalho Hansen









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