O sono
retirou-se do meu corpo e as cigarras
atormentam
as minhas noites. Depois de teres
partido, os
lençóis da cama são como limos frios
que se
agarram à pele. Porém, se me levanto,
não faço
mais do que arrastar a solidão pela casa;
talvez
procure ainda um gesto teu nos braços
do
silêncio, como um pombo cego a debicar
as sombras
na única praça deserta da cidade –
o amor
nunca aprendeu a ler nas linhas da mão.
Maria do Rosário Pedreira
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