15 abril 2013












A minha língua já não brilha
na tua boca. Afastas-te nas fendas
do silêncio, refugio-me no mosto de palavras
cansadas. Fomos surpreendidos por pequenos nadas
que nos esmagaram - os dorsos que foram felizes
deitam-se na sombra. Os joelhos secaram.
Os ossos desfazem-se em pó, ah como doem
as pequenas transformações, a origem do vento
que nos separa. A boca morre-me de sede.
Escondes os seios, que foram floridos,
na dobra do lençol. Também eu tenho os olhos abertos
na cama desta noite que nunca mais acaba.
Fechas a porta, apagas a luz e pedes-me
que adormeça a teu lado.











Casimiro de Brito











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