Dei-te o meu
corpo como quem estende
um mapa
antes de viagem, para que nele
descobrisses
ilhas e paraísos e aí pousasses
os dedos
devagar, como fazem as aves
quando
encontram o verão. Se me tivesses
tocado,
ter-me-ia desmanchado nos teus braços
como uma
escarpa pronta a desabar, ou
uma cidade
do litoral a definhar nas ondas.
Mas, afinal,
foste tu que desenhaste mapas
nas minhas
mãos - tristes geografias,
labirintos
de razões improváveis, tão curtas
linhas que a
minha vida não teve tempo
senão para
pressentir-se. Por isso, guardo
dos teus
gestos apenas conjecturas, sombras,
muros e
regressos - nem sequer feridas
ou ruínas.
E, ainda assim, sem eu saber porquê,
as ondas
ameaçam o lago dos meus olhos.
Maria do
Rosário Pedreira
Melancólico, mas muito bonito. :)
ResponderEliminaré, não é? ;)
ResponderEliminarComprei recentemente "Poesia reunida", que acabei por oferecer. :)
ResponderEliminar"as ondas ameaçam os lagos dos meus olhos" é muito bonito
ResponderEliminardeep: também tenho. fui ao lançamento.
ResponderEliminarmónica: bonito demais, até.
Tão lindo!
ResponderEliminarBom Ano!