[nascido em tavira e engenheiro naval por glasgow, este irmão pessoa festeja hoje cento e vinte e duas risonhas translações solares. parabéns álvaro, que contes muitas...]
Na véspera de
não partir nunca
Ao menos não
há que arrumar malas
Nem que fazer
planos em papel,
Com
acompanhamento involuntário de esquecimentos,
Para a parte
ainda livre do dia seguinte.
Não há que
fazer nada
Na véspera de
não partir nunca.
Grande sossego
de já não haver sequer
De que ter
sossego!
Grande
tranquilidade a que nem sabe encolher ombros
Por, por
tédio, ter passado o tédio
E ter chegado
deliberadamente a nada.
Grande alegria
de não ter precisão de ser alegre,
Como uma
oportunidade virada do avesso.
Há quantos
meses vivo
A vida
vegetativa do pensamento!
Todos os dias
sine linea
Sossego, sim,
sossego…
Grande
tranquilidade…
Que repouso,
depois de tantas viagens, físicas e psíquicas!
Que poder
olhar para as malas fechadas como para nada!
Dormita, alma,
dormita!
Aproveita,
dormita!
Dormita!
É pouco o
tempo que tens! Dormita!
É a véspera de
não partir nunca!
Álvaro de Campos
parabéns! e não partas, nunca
ResponderEliminarjamé. oié.
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