Último poema
A dor
acompanhar-me-á,
a dor de não
ter escrito
o teu nome e
de não ter sabido
as perguntas
e as respostas; nos teus braços quem me receberá?
E fará tanto
frio
que a
eternidade
se consumará
sem mim no quarto agora vazio
de
exterioridade e de contemporaneidade.
Só terei as
minhas palavras,
mas também
elas são mortais
mesmo as
mais banais e mais
próprias
para falar de coisas acabadas.
Terei talvez
morrido; nunca o saberei.
Nem não o
saberei tão perto estarei,
o rosto
reclinado no teu peito,
a minha vida
um sonho teu, desfeito.
Manuel António
Pina
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