02 setembro 2012










De um Amor Morto








De um amor morto fica
Um pesado tempo quotidiano
Onde os gestos se esbarram
Ao longo do ano


De um amor morto não fica
Nenhuma memória
O passado se rende
O presente o devora
E os navios do tempo
Agudos e lentos
O levam embora


Pois um amor morto não deixa
Em nós seu retrato
De infinita demora
É apenas um facto
Que a eternidade ignora






Sophia de Mello Breyner Andresen








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cartografe aqui: