o teu amor, bem sei, é uma palavra musical,
espalha-se
por todos nós com a mesma ignorância,
o mesmo
ar alheio com que fazes girar, suponho, os epiciclos;
ergues
os ombros e dizes, hoje, amanhã, nunca mais,
surpreende
o vigor, a plenitude
das
coxas masculinas, habituadas ao cansaço,
separamo-nos,
à procura de sinais mais fixos,
e o
circuito das chamas recomeça.
é um
país subtil, o olho franco das mulheres,
há nos
passeios garrafas com leite apenas cinzento,
os teus
pais disseram: o melhor de tudo é ser engenheiro,
morrer
de casaco, com todas as pirâmides acesas,
viajar
de navio de buenos aires a montevideu.
esta é a
viagem que não faremos nunca, soltos
na
minuciosa tarde dos lábios,
ágil
pobreza.
permanentemente
floresce o horizonte em colinas,
os
animais olham por dentro, cheios de vazio,
como um
ladrão de pouca perícia a luz
desfaz
devagarmente os corpos.
ele
exclama: quando me libertarás da tosca voz dormida,
para que
seja
alto e
altivo o coração das coisas? até quando aguardarei,
no
harmonioso beliche, que a tua visão cesse?
António Franco Alexandre
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