Outra canção diurna
Abro as janelas do amor
com as mãos do ocaso,
vendo
fechar-se a noite quando entra a madrugada.
E tu sais do
sol nascente, como se fosse um acaso,
e deixas no
chão um rasto de flores, quase nada.
Luz que
atravessa a sombra que o dia leva,
dizes-me o teu
nome como se fosse um segredo.
É a tua voz
branca e desperta que ao vento se eleva
e desfaz em fumo e nuvem o que antes
era medo.
Tens nos olhos a manhã que vai
durar,
levas nas mãos o orvalho que não
secou.
E há um céu estranho que não passou
pelas palavras que insistem em
ficar.
Desta maneira é mármore a pedra mais
dura,
e é pele, e linho, e lago, este
desejo que perdura.
Nuno Júdice
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