Os desertos
Compraste comigo um
livro sobre o nomadismo
sem te dares conta que
era a voz do deserto
o que naquele fim de
tarde se confiava a nós
na suavidade angulosa
das nossas palavras
em que nem o vento nem a
luz rude e triste já cadente
deixava pressentir nada
de bom
há muito que vivíamos
num oásis
de momentos e de arados
remexendo os nossos
mundos mais perdidos
mas as areias nasciam em
pleno dia
sobre a nudez das coisas
arrasadas
a paisagem ia-se
tornando mais árida, anunciando
a ilusão das dunas, a
erosão dos trilhos
e o meu sofrimento era
muito antigo
fundido na vertigem
funda nunca terminada
quando me despedi de ti
pressionando-te o braço
pensava em canela e
outras especiarias
mas era a solidão pesada
e errante do deserto
o que ardia a meus pés
José Manuel de
Vasconcelos
tão bonito... :)
ResponderEliminartambém gosto muito...
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