o teu sono anoiteceu mais que a noite
e hei-de escrever-te sempre sem que nunca
te escreva sei as palavras que fechaste
nos olhos
mas não sei as letras de as dizer
ensina-me de
novo se ensinares-me for
ir ter
contigo ao teu sorriso ensina-me
a nascer para
onde dormes que me perco
tantas
vezes numa noite demasiado pequena
para o teu
sono num silêncio demasiado fundo
dormes e
tento levantar a pedra que te
cobre maior
que a noite o peso da pedra que
te cobre e
tento encontrar-te mais uma vez
nas palavras
que te dizem só para mim
o teu sono
anoiteceu mais que as mortes
que posso
suportar e hei-de escrever-te
sempre e
mais uma vez sozinho nesta noite
José Luís
Peixoto
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