22 maio 2012





Homens que são como projectos de casas
Em suas varandas inclinadas para o mundo
Homens nas varandas voltadas para a velhice
Muito danificados pelas intempéries
Homens cheios de vasilhas esperando a chuva
Parados à espera
De um companheiro possível para o diálogo interior

Homens muito voltados para um modo de ver
Um olhar fixo como quem vem caminhando ao encontro
De si mesmo
Homens tão impreparados tão desprevenidos
Para se receber

Homens à chuva com a mão nos olhos
Imaginando relâmpagos
Homens abrindo lume
Para enxugar o rosto para fechar os olhos
Tão impreparados tão desprevenidos
Tão confusos à espera de um sistema solar
Onde seja possível uma sombra maior






Daniel Faria






4 comentários:

  1. ...
    Não lhes peçamos para entrar
    Porque a sua força é para fora e a sua espera
    É a fé inabalável no mistério que inclina
    Os homens para dentro
    Não os levantemos
    Nem nos sentemos ao lado deles. Sentemo-nos
    Do lado oposto, onde eles podem vir para erguer-nos
    A qualquer instante

    DF

    (porque é preciso acabar o poema para que recomece)

    ResponderEliminar

cartografe aqui: