28 março 2012






Cama




Podia ser uma cama aberta no horizonte
e os teus cabelos num poente incendiado.
Podia ser o teu sexo num cume de monte,
e os teus seios despidos sobre este prado.


A mão que esconde mais do que oferece,
os olhos de presa dominando o caçador.
E os teus lábios que murmuram a prece
de quem só reza no instante do amor.


E se falasse dos teus olhos, dos teus braços
desse corpo em que me perco e te ganho,
não mais acabaria o que tem de acabar;


uma respiração de suspiros e de abraços
neste canto em que és tudo o que eu tenho,
nesta viagem em que não tem fundo o mar.





Nuno Júdice






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