Não sabemos o que o texto nos faz. Porque somos precisamente os que cegam perante o texto, que erguem os braços sem consciência. A literatura é perigosa porque é subliminar. É inteiramente visível, iluminada, mas nenhum leitor está acordado para saber quem é.
A oferta infindável da literatura, eis o que ilude: tanta segurança nos dá ao mostrar-se disponível – que nos faz esquecer o seu preço. Dá-se como coisa comestível, mas para nos devorar.
Ninguém sabe que gestos faz quando lê, até que ponto obedece ao livro, que crimes comete por ter lido certo livro, que inocência súbita recebe por não ter lido outro. Alguns erguem os braços, outros suicidam-se por terem lido Werther.
Ninguém sabe que gestos faz quando lê, até que ponto obedece ao livro, que crimes comete por ter lido certo livro, que inocência súbita recebe por não ter lido outro. Alguns erguem os braços, outros suicidam-se por terem lido Werther.
Pedro Eiras
ah... mas que sublime dependência é a leitura ...
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