30 abril 2024

 




leituras  de  abril





















:: notas ::


earthly delights : a history of the renaissance

jonathan jones

ed. thames & hudson

 

este é, para mim, o melhor livro alguma vez escrito sobre a arte do renascimento. com uma visão muito pessoal e argumentação fundamentada, desde van eyck até caravaggio (revisitando o percurso dos incontornáveis bosch, leonardo, bruegel, dürer, michelangelo, etc) e graças ao suporte das magníficas reproduções a cores, a renascença passa pelos nossos olhos como um filme inesquecível. e é mais um thames & hudson imprescindível.

 

 

stories of books and libraries

vv. aa.

ed. everyman’s

 

num só volume, contos e textos de borges, calvino, waugh, cortázar, bradbury, colette, benjamin, moore, entre muitos outros - e todos dedicados a livros, bibliotecas e leituras. como resistir?

 

 

palmeiras e presidentes

o. henry

ed. e-primatur

                                                                                                                                                  

pequenas grandes histórias, independentes mas interligadas, compõem este retrato de uma “república das bananas” (palavra aqui cunhada), feita de gringos e paisanos, prisioneiros de ilusões e mentiras.

 

 

the waste land : a biography of a poem

matthew hollis

ed. faber & faber

 

não se trata apenas um relato crítico da criação intelectual do célebre poemas, mas também um mosaico de apontamentos pessoais, sociais, históricos e culturais sobre esse período, iniciado em 1919, onde acompanhamos mês a mês um atormentado t. s. eliot na génese do poema, a sua mulher vivien (que o apoiou), ezra pound (que o editou), os woolf na fundação da hogarth press, e um desesperado james joyce que, em 1922 e quase em simultâneo com “the waste land”, encontra por fim em sylvia beach (da shakespeare & co.) quem publique o seu “ulysses”. mais uma biografia-maravilha.


 

alexandre o’neill : uma biografia literária

maria antónia oliveira

ed. assírio & alvim

 

duas décadas depois, eis a segunda edição desta biografia-maravilha, revista e aumentada, no ano em que o caixadóclos faria cem anos. e confirmaram-se os meus piores temores: estou cada vez mais próximo dele, no seu individualismo alheio a causas colectivas, na ironia como maneira-de-estar-na-vida, no irremediável desencanto com com este sítio-remorso de todos nós. ai o’neill, ainda bem que partiste cedo, caso contrário serias forçado a testemunhar que as célebres três sílabas vieram mesmo para ficar, e que o plástico (barato e talvez reciclado) infelizmente não é biodegradável.

 

 

 




10 abril 2024

 




pega num clássico trio de guitarra e junta seis sopros:
e aí tens um noneto, tão improvável quanto delicioso











01 abril 2024






leituras  de  março




 


 


 


 





 




:: notas ::

 

alfabeto

inger christensen

ed. não (edições)

 

1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, 610 são os primeiros 14 termos da famosa sequência de fibonacci (onde cada termo é a soma dos dois anteriores). e esse é o número de versos de cada poema das primeiras 14 letras deste alfabeto - onde cabe o mundo todo.

 

 

collected stories (vol. 1)

henry james

ed. everyman’s library

 

por fim presente nas estantes caseiras esta monumental edição (mais de duas mil páginas) dos contos e novelas curtas de james. no primeiro volume (1866-1891) já li “a lanscape painter”, reli “daisy miller: a study” e deleitei-me com “the pupil” e sobretudo com “the aspern papers”, que alguém disse ser uma obra-prima - e não se enganou. 

 

 

a maçã de ferro e outros poemas

vasko popa

ed. maus

 

belíssima colectânea do grande poeta jugoslavo, até agora quase desconhecido entre nós.

 

 

diário da prisão

egon schiele

ed. sr. teste

 

egon schiele foi preso na primavera de 1912, alegadamente por manter presa em sua casa uma rapariga fugitiva e menor de idade. até se esclarecer o assunto e ser por fim libertado passou duas dúzias de dias na prisão, aproveitados para pintar algumas aguarelas e escrever um diário de bordo. este pequeno grande livro reproduz o que foi escrito e pintado.

 

 

morte na floresta e outras histórias

sherwood anderson

ed. cutelo

 

segunda recolha de contos deste autor publicada (em boa hora) pela cutelo. quando se lêem estas histórias, percebe-se imediatamente que sem anderson não teria havido faulkner, nem caldwell, nem hemingway - e não é preciso dizer mais nada.

 

 

endless flight : the genius and tragedy of joseph roth

keiron pim

ed. grante

 

num ano dedicado a tentar ler mais biografias, esta é uma verdadeira pérola. a vida e a obra do escritor são justapostas numa narrativa fluida, sem falhas. e o percurso de roth é mostrado como um retrato da condição humana, de tal forma que por vezes parece estarmos perante uma história da europa nos anos entre as duas guerras. magistral.

 

 

taludes instáveis

josé carlos barros

ed. dom quixote

 

ao fim de uma dúzia de livros, eis uma colectânea de poemas escolhidos e alguns inéditos que ilustra o percurso de um dos maiores poetas actuais.