30 julho 2018





uma das coisas boas da net é o acesso fácil a entrevistas como estas
há tanta, tanta coisa que desconhecia sobre o apocalypse now
e, do nada, aparecem estas duas conversas fascinantes entre
o realizador e o argumentista e um dos actores principais
nunca mais a minha visão sobre o filme será a mesma












28 julho 2018





Eu gosto das palavras




Eu gosto das palavras e do canto
E dos ecos que trazem à lembrança,
Dessas canções de frança e aragança,
Que são só sons que cobrem, como um manto,

O que têm que cobrir, porque, entretanto,
Já há, profissional, uma ordenança
A recolher em fichas, sem parança,
O tom, o cheiro, o muco, do seu pranto.

Que cante, e dançe, e viva, e morra, e vibre,
Que se desdobre em nervos e minutos,
E seja para sempre eterno e livre

O grito que se ergueu irresoluto
Desse sítio onde o corpo se coíbe
E súbito triunfa do seu luto.




Manuel Resende





25 julho 2018





a recordar os king crimson revisitei esta pequena maravilha
dos crimson jazz trio, um nocturno mais-que-perfeito baseado
num velho e idolatrado tema do senhor fripp, de que já aqui falei











21 julho 2018






não escrever  nada  sobre ninguém


  


uma vez pediram-me que escrevesse um texto
sobre os heterónimos do fernando antónio,
o que não é coisa que se peça a uma pessoa.
mas lá me enchi de boa vontade, afiei o lápis
e decidi enfrentar a folha de papel em branco,
o desafio habitual. e agora, por onde começar,
perguntei-me, talvez pelo álvaro, sempre era
engenheiro, pensei, mas depois lembrei-me
de que o ricardo era melhor poeta. e estava
quase a citar uma ode quando me ocorreu
que o alberto era o mestre de todos, naquela
sua ingenuidade pastoril. pus-me a imaginar
um jardim de palavras quando recordei que
pensar é estar doente dos olhos, e esse vago
desassossego trouxe-me à memória o pobre
bernardo, o que guardava livros em vez de
rebanhos. foi então que me veio uma ideia
melhor, por que não escrever umas linhas 
sobre o próprio fernando antónio, afinal foi 
ele que imaginou os outros. mas logo então 
percebi que nesses irmãos todos faltariam 
sempre alguns, de tão inumeráveis que são, 
e por esse motivo acabei por pousar o lápis.
é melhor não escrever nada sobre ninguém.





08 julho 2018





encosto a face à parede
mais triste do quarto, fiel
guardiã do sol posto.

o coração que me deixaste
é uma casa difícil de habitar.




Renata Correia Botelho