31 outubro 2012
auto-retrato com sereia
(período azul)
Surely you cannot be leading me on? Well if that's so, however again will I love? How could I believe again? How can I hold on? Sentimental fool Knowing that fate is cruel, You ought to forget it. Yes, I know it's true, I've seen what love can do, But I don't regret it. Oh, you silly thing - Don't you see what's happening? You're better without it. No, that's not the case - If you were in my place, You never would doubt it. Sentimental fool Who broke the golden rule, You couldn't resist it. Though it's all in vain, I'd do it all again Just to relive one minute. A woman in love Can make you feel good - You know what you're living for. She'll give you so much And keep you in touch With all that's worth living for. Oh once she gets in Through thick and through thin She'll show you what living's for. The rhythm of love It must go on Can't stop. The beat of your heart Is like a drum Will it stop?
O lado de
fora
Eu não
procuro nada em ti,
nem a mim próprio,
é algo em ti
que procura
algo em ti
no labirinto
dos meus pensamentos.
Eu estou
entre ti e ti,
a minha vida,
os meus sentidos
(principalmente
os meus sentidos)
toldam de
sombras o teu rosto.
O meu rosto
não reflecte a tua imagem,
o meu silêncio
não te deixa falar,
o meu corpo
não deixa que se juntem
as partes
dispersas de ti em mim.
Eu sou
talvez
aquele que
procuras,
e as minhas
dúvidas a tua voz
chamando do
fundo do meu coração.
Manuel António
Pina
30 outubro 2012
Projecto
Desta vez vou escrever-te um poema que vai ser
um poema de amor, mas que não é apenas um poema de amor. O
amor, com efeito, é algo que não cabe num poema; pelo contrário,
o poema é que pode caber no amor, sobretudo quando te abraço, e
sinto os teus cabelos na boca, agora que a tua voz me corre pelos
ouvidos como, num dia de verão, a água fresca corre pela
garganta. A isto, em retórica, chama-se uma comparação; e pergunto
o que é que o amor tem a ver com a retórica, ou por que é
que o teu corpo se teme de transformar numa metáfora - rosa,
lírio, taça, qualquer objecto que tenha, na sua essência, um
elemento que me possa levar até ele, como se fosse preciso, para te tocar,
substituir-te por uma outra imagem, ver em ti o que não és,
nem tens de ser, ou ainda transformar-te num lugar comum, que
é aquilo em que, quase sempre, acabam os poemas de amor. Assim,
este poema de amor é, mais do que um poema de amor, um
exercício para escrever um poema de amor - mas um poema de amor
a sério, sem comparações nem metáforas, só contigo, com o
teu corpo, com a tua voz, com os teus cabelos, com aquilo que é
real, e não precisa de sair da realidade para se tornar objecto de
um poema de amor em que o amor, finalmente, deixa de ser
o objecto único do poema, que se preocupa acima de tudo com
a retórica, as imagens, o equilíbrio das formas. Mas, pergunto, não
é o teu corpo uma flor? Não é a tua boca uma rosa? Não são lírios os teus
seios? Tudo, então, se transforma: e o que tenho nas mãos é uma imagem,
a pura metáfora da vida, a abstracta metamorfose das emoções. O
resto, meu amor, é tu - e é por isso que o poema de amor que te
escrevo não é, finalmente, um poema de amor.
Nuno Júdice
esta canção, lançada a 45 rpm em 1973, pela sua referência explícita a doenças venéreas, acabou por ser banida pela bbc. curioso é o facto de, mesmo sabendo disso, sempre ter pensado nela como uma alusão a uma verdadeira recordação trazida de londres. e é daquelas cuja melodia nunca se esquece - ainda hoje dei por mim a trauteá-la.
Bought a souvenir in London
Got to hide it from my mom
Can't declare it at the customs
But I'll have to take it home
Tried to keep it confidential
But the news is leaking out
Got a souvenir in London
There's a lot of it about
Yes, I found a bit of London
I'd like to lose it quick
Got to show it to my doctor
'cause it isn't going to shrink
Want to keep it confidential
But the truth is leaking out
Got a souvenir in London
There's a lot of it about
29 outubro 2012
(…)
Nunca pretendi ser senão um sonhador. A quem me falou de viver nunca prestei atenção. Pertenci sempre ao que não está onde estou e ao que nunca pude ser. Tudo o que não é meu, por baixo que seja, teve sempre poesia para mim. Nunca amei senão coisa nenhuma. Nunca desejei senão o que não podia imaginar.
(…)
Bernardo Soares
apesar de disfarçado de bebida estranha, este é um magnífico azul, tão cristalino que resistiu ao tempo.
a verdade é que naqueles anos os cream foram um dos primeiros super-grupos rock a namorar
abertamente a herança dos azuis. e sim, por baixo daquela peruca estava o jovem eric patrick clapton.
Strange brew
killing what's inside of you.
She's witch of trouble in electric blue.
In her own mad mind
she's in love with you
with you.
Now what you gonna do?
Strange brew
killing what's inside of you.
She's some kind of demon dusting in the flue.
If you don't watch out
it'll stick to you
to you.
What kind of fool are you?
Strange brew
killing what's inside of you.
On a boat in the midle of a raging sea
she would make a scene for it
all to be ignored.
And wouldn't you be bored?
Strange brew
killing what's inside of you.
28 outubro 2012
Quem bate a uma porta de folhas
Quem
bate a uma porta de folhas na noite
uma
porta de folhas na noite
Quem
toca a dura casca do teu nome na noite
a
uma porta de folhas
Uma
porta de folhas uma porta
Quem
bate a essa porta de folhas
Quem
bate a essa porta de folhas na noite
Quem
bate a essa porta sou eu
António
Ramos Rosa
d e s c u b r a
a s
s e t e
d i f e r e n ç a s :
A) suzanne alone:
B) suzanne not alone:
I am sitting In the morning At the diner On the corner
I am waiting At the counter For the man To pour the coffee
And he fills it Only halfway And before I even argue
He is looking Out the window At somebody Coming in
"It is always Nice to see you" Says the man Behind the counter
To the woman Who has come in She is shaking Her umbrella
And I look The other way As they are kissing Their hellos
I'm pretending Not to see them And instead I pour the milk
I open Up the paper There's a story Of an actor
Who had died While he was drinking It was no one I had heard of
And I'm turning To the horoscope And looking For the funnies
When I'm feeling Someone watching me And so I raise my head
There's a woman On the outside Looking inside Does she see me?
No she does not Really see me 'Cause she sees Her own reflection
And I'm trying Not to notice That she's hitching Up her skirt
And while she's Straightening her stockings Her hair Has gotten wet
Oh, this rain It will continue Through the morning As I'm listening
To the bells Of the cathedral I am thinking Of your voice...
And of the midnight picnic Once upon a time Before the rain began...
I finish up my coffee It's time to catch the train
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