30 novembro 2016





e é verdade. quinze meses após as “fábulas de lisboa” aventurei-me de novo a escrever um livrinho. e, em resumo, este consiste no recontar de alguns conhecidos mitos gregos clássicos (rapto de europa, minos e pasífae, teseu e o minotauro, a queda de ícaro…) dentro de uma espécie de biografia de dédalo, o conhecido inventor/arquitecto/engenheiro, para sempre ligado à concepção do labirinto de cnossos. é uma edição totalmente de autor, sem qualquer apoio de uma editora. estou orgulhoso do resultado.








e, claro, estão todos convidados para uma breve e indolor sessão de lançamento:






[o texto inclui uma "nota ao leitor" final, de onde retirei este pequeno excerto]


(…) e logo me ocorreu que a história poderia ser a do confronto
entre dois homens, e também que dédalo teria sido vítima
da sua brilhante inteligência, por ser alguém preocupado
com essa integridade interior, devotado à salvaguarda
não apenas do seu espírito criativo mas também da liberdade
de poder pensar por si, desejando proteger de tudo e todos
os seus pensamentos mais profundos, o mais íntimo da alma.
e nisso teria decerto sido muito semelhante a montaigne,
que consagrou toda uma vida a observar-se, crítico de si
mas vivendo-se em si e permanecendo sempre ele próprio,
passando para o papel essa observação da condição humana,
fiel às suas ideias e íntegro para com a sua consciência.
julguei ainda possível que alguma da poesia oriental,
presente mas dispersa e mascarada ao longo desta história
e que muito mais tarde nos trouxeram kabir e tagore,
fosse igualmente já conhecida na orla do mediterrâneo,
talvez propagada por actores, arautos de uma tradição oral
num tempo anterior ao do livro escrito, artistas que nas tragédias
gregas souberam encontrar um veículo para nos contarem os mesmos
episódios, e que tentei homenagear recriando de forma grosseira
os sumarentos diálogos retratados nessas antigas peças teatrais.
e, mantendo aberta a possibilidade de tudo imaginar,
creio que perante a criatividade polifacetada de dédalo
jamais o eterno labirinto da heteronímia pessoana
poderia ser tomado como uma ambiguidade inconcebível,
e vim descobrir um paralelo com aquele desconsolado
guarda-livros que à sua maneira foi um ulisses moderno,
à deriva por lisboa em busca de uma ítaca inatingível
e também ele um minotauro no labirinto do seu desassossego. (…)




8 comentários:

  1. Parabéns, meu caro José Luís.
    É manter intacta essa possibilidade de tudo imaginar.

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  2. Lá estarei! Muito feliz e orgulhosa (e com mais gente de arrasto, que dá sempre jeito :).
    Parabéns, josé luís! E sucesso, muito mesmo! :)

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  3. Parabéns, josé luís! Muito sucesso.
    Não posso ir à apresentação, mas encontrarei maneira de adquiri um exemplar.
    O livro tem um design apetecível. Imagino que os textos, pelo que conheço da escrita, estejam em sintonia.
    Essa casa vem muito ao encontro do meu gosto. :)

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  4. josé luís, tive muita pena de não ter conseguido ir e desculpa a má criação de não ter dito nada... O dédalo está à venda no Sr. Teste?

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    Respostas
    1. olá maria,
      sem problema ;) desta vez não está, porque creio que vão mudar de instalações. a única hipótese é mesmo chez autor/editor/livreiro. se o quiseres mesmo (mais a surpresa) envia mensagem para jlalmeid@gmail.com. bjs

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