28 outubro 2016











Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.

Com dor da gente fugia,
Antes que esta assi crecesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?




Sá de Miranda






17 outubro 2016






ouço o rumor lúcido de um motor suave
mais ou menos o que há de agudo no sol
talvez esteja a chegar
o calor é actualizado a cada instante
e já não é o calor do sol
de luz, de avisos:

há barcos que seguem vazios







Joana Espain





13 outubro 2016






creio ter sido aberta uma caixa de pandora. com o nobel da literatura do corrente ano entregue a robert allen zimmerman, a eterna-e-politicamente-correcta-apesar-de-bué-da-calvinista-e-sempre-atormentada-pelo-remorso-e-pela-culpa academia sueca vem preconizar que as categorias do prémio não podem ficar estanques aos ventos de mudança (yes, they are a-changin'). congratulo-me por esta lufada de ar fresco e, em conformidade, aqui ficam desde já os meus prognósticos (perfeitamente imparciais) para os vencedores do ano que vem: 




prémio nobel da física (newtoniana ou não) 2017




prémio nobel da química (comigo) 2017




prémio nobel da medicina (paliativa) 2017




prémio nobel da economia (de tecido na saia) 2017




prémio nobel da paz (de espírito) 2017




prémio nobel da literatura (comparada) 2017





09 outubro 2016





são rudes, têm mau feito, sempre a protestar, descontentes com tudo e todos, ríspidos nas perguntas, grosseiros nas respostas, brutos no trato, ásperos, frequentemente intratáveis e inevitavelmente ranzinzas, carrancudos, indelicados e resmungões. 
está a família de vito de parabéns, por conceber, realizar e disponibilizar gratuitamente esta pequena grande história, uma maravilha de quinze minutos do mais humano que há, a propósito do que todos pode(re)mos ser, mesmo quando somos curmudgeons.










04 outubro 2016





uma grande (e feliz) surpresa, o último disco de miss olsen.
e esta canção é uma daquelas pérolas a levar para a ilha deserta.






i've seen you changing
i've seen you changing

was it me you were thinking of?
all the time when you thought of me
was it me you were thinking of?
all the time when you thought of me

or was it your mother?
or was it your shelter?
or was it another
with a heart shaped face
got a heart shaped face
was it a feeling you thought i could dig up or erase?

i've seen you changing
i've seen you aging
and i learned how to turn my head
and i learned how to walk away
and the truth never really lives
in the story of words we say

you never needed anyone to expose you to yourself
and you never needed anyone to raise you hell out of your mind

i never wanted to be someone who had to leave it all behind
even still there is no escape for what i face, i faced before

have whatever love you wanna have
but i can't be here anymore
there is nothing new under the sun
there is nothing new under the sun
heartache ends
and begins again
heartache ends
and begins