21 julho 2015





fábula  da  noite  cá  dentro





a melancolia desceu sobre mim como o escuro desta noite à beira-rio
e a tua memória, outrora gravada a ferro em pedra, esvai-se esvai-se
enquanto a chuva cai sobre a saudade de um tempo de suave recordação


se todas as gotas que já caíram se pudessem esquecer talvez te reinventasse,
talvez a tua imagem não fosse assim difusa e diluída como estas lágrimas,
e estas esferas de sal caíssem e rolassem e seguissem o rio mesmo até à foz


mas não. embaciado como o respirar condensado nos vidros enregelados,
vejo-te desaparecer na sombra dos candeeiros que iluminaram este momento,
porque desponta o dia lá fora mas volta a cair de novo a noite cá dentro







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