25 fevereiro 2014








fábula  anónima








antes que as palavras se escrevam em ti
não desenhes letras que nem sabes apagar.
o teu anjo da guarda vai fazer de ti um livro,
narrar-te uma história há muito pensada mas
inaudita: a tua vida por inscrever, em frases
mágicas e breves, possíveis ou não, ditadas
antes que essas palavras se escrevam por si.

diluída num texto sentes não ser já a mesma,
o ritmo das sílabas não é o teu, enganaram-
se e trocaram os livros, jamais te leriam assim.

e no entanto, quando sonhas, podias ser:
ninguém te conhece como tu, nem anjos
esperam que haja amor nos teus poemas
sem que as palavras se escrevam por ti.










[um acróstico mais-que-devido]

2 comentários:

  1. ...fiquei sem palavras, jose luis, se é que alguma vez as tive. estragas-me com estes mimos, é o que é. muito, muito obrigada pelo carinho e pela fábula. ainda que não me sinta grande merecedora de palavras bonitas, gosto de as ler.
    (e começo a perceber que talvez me dilua bastante no que escrevo, pois há verdades na tua fábula.)

    um grande e forte abraço e um beijo abochechado :)

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