29 dezembro 2013







a que queres que saiba a minha boca? a chiclete de melão





tenho uma faca no peito, rente à vértebra perfuradora, que me dificulta a concentração. não é grave, o delito, bem o sei e já mo atestaram os sabedores também, peritos arqueológicos, classe médica distinta, de bloco branco na mão. um golpe no peito facilita a respiração, e quiçá, por que não, um pouco mais a sul, a tumultuosa digestão das asas de borboletas e das bolas de sabão. e um pouco de sangue espilrante fica sempre bem a quem sente o que não convém, já dizia a mãe de alguém. olha como sangra a apaixonada, coitada, dirão, aplaudindo o vazamento, a película rasgada, a pele macerada, e eu, salpicando com jeito, a preceito, mas sob pouca concentração, as pedrinhas da calçada, portuguesa, com certeza, irei exibir-me na grande praça do município. procuro-te e não te vejo. a estátua lá continua, homem a cavalo, olhares a jusante, tudo tão distante, turistas roliços, mostrando os dedos gordos dos pés, pombos catando o chão. sinto-me um abajur com cúpula de flor, estalada. tulipa molhada. sentada. olha como sangra, meu amor, pensarei, olha como ainda sangra o meu coração.








nAnonima











[ lê-se muito melhor aqui ]

2 comentários:

  1. as palavras tontas, no teu blogue, até parecem mais bonitas.

    obrigada. muito.

    beijo

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    1. here's looking at you, kid ;)
      http://youtu.be/Bv8MGYnP820

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