01 janeiro 2013



(devia ser assim a poesia em dois mil e treze - e nos anos seguintes...)









Construo a poesia como uma casa
Sem pressa e apenas com a pedra
Alheia. Duramente a construo.
Os meus versos ominados e compactos
Ligo-os com barro cor de sangue,
Amasso-os na água, mais pura do que as lágrimas.
Se comovo, é comoção não minha.
Se os meus versos são inúteis,
É inútil todo o trabalho.






Cristovam Pavia







3 comentários:

  1. e assim
    ...
    Era na infância o sol caía enquanto água corria
    entre os pés de feijão e os buracos de toupeiras
    calcados prontamente pelas botas
    soprava o vento e vinha a moinha da eira
    o cão comia o bolo e morria debaixo da figueira
    e teria sepultura com enterro e cruz e muitas flores
    Havia casamentos o meu pai falava
    e os noivos deitavam-nos confeitos das carroças
    E os registos mistério tempo da prenhez
    Era talvez no outono havia asma
    havia a festa da azeitona havia os fritos
    ao domingo havia os bêbados estendidos pelas ruas
    havia tanta coisa no outono havia o cristovam pavia
    ...
    (VAT 69, Ruy Belo)

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  2. uau maria... e deviam ser assim as (cor)relações ;)

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    1. pois deviam... escrever como água a correr... e ser sempre belo, Belo... jl, já ouviste o Sintra a dizer este poema? se conseguir envio-te pelo witransfer.

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